“Existem valores que já nascem no coração, não importa a classe social”!
Para uma criança, as coisas mais simples são aquelas que têm maior valor, pois um abraço, um beijo, um carinho, um dia brincando com elas fazem toda a diferença na vida delas...
Nós adultos é que complicamos, porque ensinamos nossas crianças, a serem tão competitivas, tirando a inocência delas.
O que mais me encantou em todas as crianças que fomos levar um pouquinho de nós, de tempo, dedicação, alegria, carinho, brincadeiras, foi o carinho por elas retribuído, me senti muito feliz por ter ajudado esse ano que para mim foi um dia das crianças inesquecível, peço a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que proteja e abençoe a cada criança em que fomos fazer do dia delas um dia especial, pois, para mim vai ficar guardado na memória.
Este pequeno texto abaixo nos mostra o tão pouco que essa criança recebeu e como a felicidade de um cobertor quentinho fez a diferença na vida dela e de sua família...
A gente "durmimo" no quentinho
Uma família extremamente necessitada recebeu um presente anônimo às vésperas do inverno. Quem intermediou a ação foi uma enfermeira que conhecia as redondezas.
O volume foi entregue logo pela manhã, antes que a mãe saísse de casa e deixasse, como sempre, as três crianças pequenas trancadas no minúsculo cômodo em que viviam. Talvez não fosse a melhor opção, mas quem mora em uma área carente da Baixada Fluminense não pode se dar ao luxo de deixar os filhos soltos pelas ruas.
Em meio à surpresa matinal, os embrulhos foram abertos rapidamente pelos três. Havia pacotes coloridos com cobertores novos, brinquedos, pares de meias, chocolates. Chocolate era uma preciosidade para eles. A cada fita desenrolada, gritinhos de contentamento. A alegria se estendeu até a noite.
No dia seguinte, saindo de casa, a enfermeira bateu à portinha do barraco e olhou pela janelinha o rosto das crianças. O caçulinha, ainda deitado ao lado dos irmãos, já estava acordado. Seus grandes olhos de jabuticaba brilhavam enquanto passava as mãos vagarosamente pelo cobertor novo. Ele levantou, chegou perto da janela e estendeu as mãos para a moça. Claro, ela não ia tirá-lo de lá, mas soprou um beijinho e perguntou do que ele mais tinha gostado: dos brinquedos ou dos chocolates? Ele olhou com ternura para os irmãos adormecidos na única cama, dobrou os bracinhos e, sorrindo, respondeu baixinho:
- O que eu mais gostei é que essa noite “a gente durmimo” no quentinho.
(Helena Beatriz Pacitti) 24 de Dezembro de 2010
Carla Belizário
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